segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Poema de almutamide


Eia, Abú Bacre, saúda os meus lares em Silves e pergunta-lhes se, como penso, ainda se recordam de mim.Saúda o Palácio das Varandas da parte de um donzel que sente perpétua saudade daquele alcácer.Ali moravam guerreiros como leões e brancas gazelas. E em que belas selvas e em que belos covis!Quantas noites passei divertindo-me à sua sombra com mulheres de cadeiras opulentas e talhe fatigadoBrancas e morenas que produziam na minha alma o efeito das espadas refulgentes e das lanças obscuras!Quantas noites passei deliciosamente junto a um recôncavo do rio com uma donzela cuja pulseira rivalizava com a curva da corrente!O tempo passava e ela servia-me o vinho do seu olhar e outras vezes o do seu vaso e outras o da sua boca.As cordas do seu alaúde feridas pelo plectro estremeciam-me como se ouvisse a melodia das espadas nos tendões do colo inimigo.Ao retirar o seu manto, descobriu o talhe, florescente ramo de salgueiro, como se abre o botão para mostrar a flor.

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